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TextoComitê Científico

O uso de evidências para impulsionar políticas públicas para a primeira infância

I
Oct 2023
Políticas públicasQuestões étnico-raciais

As evidências científicas sobre o desenvolvimento na primeira infância evoluem sem parar. Quando agentes de gestão pública aplicam esse conhecimento em programas e projetos voltados a crianças de 0 a 6 anos, criam-se condições mais favoráveis para a promoção de políticas de qualidade, eficientes e baseadas em experiências bem-sucedidas.

Este working paper tem o objetivo de orientar gestores de todo o Brasil a fortalecer políticas com foco na melhoria da vida das crianças pequenas, baseados em evidências. O estudo compila referências e reúne uma lista de boas práticas para subsidiar as decisões da gestão pública.

Políticas públicas para a primeira infância que sejam monitoradas e avaliadas segundo indicadores mais adequados terão potencial de beneficiar mais crianças, bem como de ajudar a reduzir as enormes desigualdades sociais e econômicas que caracterizam o Brasil.

Conceitos-chave

A publicação traz alguns conceitos-chave essenciais para aprofundar entendimento do tema de uso de evidências no contexto de políticas públicas para a primeira infância.

Evidências

São resultados ou “achados” de trabalhos de pesquisa científica, informações quantitativas e qualitativas coletadas em pesquisas não acadêmicas ou dados apurados por meio de indicadores, em processos de monitoramento e avaliação (M&A), assim como aspectos e fatos observados e descritos em estudos de caso.

Nurturing Care

O framework Nurturing Care foi criado pela OMS, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Banco Mundial. Ele se refere a cinco condições que devem ser criadas por políticas públicas, programas e serviços para promover o desenvolvimento infantil integral (OMS, 2018). São elas: boa saúde, nutrição adequada, segurança e proteção, cuidado responsivo e oportunidades de aprendizado.

Cuidados responsivos

Os cuidados responsivos incluem ter disponibilidade para perceber e responder favoravelmente aos movimentos, sons, gestos e solicitações verbais da criança. Eles são a base para proteger as crianças, reconhecer e cuidar de suas doenças, proporcionar aprendizagem, desenvolver seu processamento emocional, bem como construir relacionamentos saudáveis e de confiança.

Teoria de mudança

É uma ferramenta bastante utilizada para representar o encadeamento lógico de um programa. Ela pode ajudar os gestores no processo de formulação da política, pois funciona como um guia da forma como a política deve ser executada. Sua estrutura é composta pelos insumos, as atividades, os produtos, os resultados e os impactos de um programa. A teoria de mudança também inclui as hipóteses que sustentam a sequência lógica entre cada um dos seus componentes, além dos riscos que podem afetar a implementação da política.

M&A (Monitoramento e Avaliação)

Na definição da OCDE, o monitoramento consiste no “processo contínuo e sistemático de coleta de dados e acompanhamento de indicadores específicos, que tem como objetivo informar os gestores e demais partes interessadas sobre os progressos realizados, os objetivos atingidos e o uso dos recursos alocados”. A adoção de práticas de M&A permite que os profissionais e lideranças envolvidos não só identifiquem obstáculos e falhas na implementação, mas também aprendam com eles e realizem mudanças de percurso, se necessário.

Raio-X da publicação

O que são políticas públicas para a primeira infância?

Políticas públicas para a primeira infância são ações ou planos de ações de governos que visam garantir às crianças de 0 a 6 anos seus direitos fundamentais, incluindo o acesso à saúde, nutrição, cuidado integral, educação, segurança e proteção.

O que são evidências?

“>São resultados de trabalhos de pesquisas científicas, informações coletadas em pesquisas não acadêmicas (quantitativas ou qualitativas), dados apurados por meio de indicadores (em processos de monitoramento e avaliação) e aspectos observados e descritos em estudos de caso.

Como o uso de evidências pode orientar gestores públicos?

“>Evidências trazem racionalidade à condução das ações e programas. Elas são importantes em todo o ciclo de uma política pública.

Dentro de um círculo, estão  ícones de gestores públicos fazendo anotações em mesa e de uma família com bebê de colo conversando com um agente de visitação. Em torno do círculo, estão escritas as etapas do ciclo da política pública: 
1) Identificação do problema
2) Formulação da política
3) Implementação
4) Avaliação
5) Implementação
 Fonte: Rossi et al, 2019
Dentro de um círculo, estão  ícones de gestores públicos fazendo anotações em mesa e de uma família com bebê de colo conversando com um agente de visitação. Em torno do círculo, estão escritas as etapas do ciclo da política pública: 
1) Identificação do problema
2) Formulação da política
3) Implementação
4) Avaliação
5) Implementação
 Fonte: Rossi et al, 2019

“>As evidências informam e auxiliam durante a etapa de planejamento com conhecimentos de ponta, contribuem para a criação de políticas mais eficientes e serviços de qualidade nas etapas de formulação e implementação, ajudam a identificar o que está funcionando e o que precisa melhorar nos processos de avaliação, podendo inclusive indicar correções de rota, quando necessário. 

Elas podem, ainda, subsidiar a análise de custo-benefício para as tomadas de decisão, aprovação e alocação de recursos. De forma geral, permitem dar mais transparência à gestão das políticas, permitindo que o recurso público seja usado de forma mais efetiva.

Recomendações baseadas em evidências

Pesquisar referências e conhecer boas práticas deve ser pauta básica de todo gestor público compromissado com o desenvolvimento da primeira infância. O uso de evidências para orientar a formulação e o aprimoramento de políticas públicas já é uma realidade em vários estados brasileiros. Conheça alguns exemplos.

Ícone de família dentro de uma casa recebendo visita domiciliar.

Ceará – Programa de apoio ao desenvolvimento infantil

  • Os efeitos do programa estão sendo medidos a partir de uma metodologia científica que avalia o desenvolvimento infantil, a qualidade do ambiente familiar e da relação do cuidador com a criança.
Ícone de mãe com criança no colo falando com profissional de saúde.

Pernambuco – Avaliação de impacto do Programa Mãe Coruja Pernambucana

  • Em uma avaliação de impacto, evidências indicaram o efeito positivo do programa sobre as taxas de mortalidade infantil e a realização de consultas de pré-natal.
Ícone de tela de computador com gráficos.

Rio Grande do Sul – Sistema de monitoramento do Primeira Infância Melhor

  • Um sistema de informações alimentado de forma on-line disponibiliza aos gestores dados administrativos e sobre as famílias, crianças e gestantes beneficiadas pelo projeto.

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Autores

Juliana Camargo

Professora na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas e pesquisadora associada do Centro FGV EESP Clear e do C-Micro – Centro em Microeconomia Aplicada.

Tatiana Yonekura

Graduada em Enfermagem, com mestrado e doutorado em Ciências. É pesquisadora do HCor, atuando principalmente com políticas informadas por evidências e projetos de implementação.

Revisores técnicos

Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância

Grupo de pesquisadores de diferentes áreas de conhecimento que se reúnem para sintetizar evidências científicas, colaborando assim com o fortalecimento de políticas voltadas ao enfrentamento dos principais desafios encontrados pelas primeiras infâncias no país.

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Texto Nov 2014

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